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Gagueira infantil é motivo de preconceito e até casos de bullying nas escolas

Clicrbs - 15/02/2013

Gagueira infantil é motivo de preconceito e até casos de bullying nas escolas Jessé Giotti/Agencia RBS
Mesmo estando presente no dia a dia da população, a gagueira é uma deficiência geralmente não levada a sério e associada à zombaria e ao preconceitoFoto: Jessé Giotti / Agencia RBS
A gagueira é um distúrbio de fluência em que acontecem quebras ou rupturas involuntárias no fluxo da fala e que atinge 5% da população mundial, sendo que 1% desse total desenvolve a gagueira de forma crônica. Ela é caracterizada por repetições de sons, sílabas, palavras, prolongamentos, bloqueios e pausas. A pessoa que gagueja sabe exatamente o que quer dizer, mas tem dificuldade na automatização e na temporalização dos movimentos da fala.

Esse distúrbio de fluência é abordado no documentário "O Discurso da Criança", que mostra o drama de três crianças com gagueira que sofrem preconceito e bullying de seus colegas. Um dos personagens, por exemplo, é um garoto de 10 anos que foi diagnosticado com a disfluência aos três anos de idade. No documentário também é abordado o trabalho de uma entidade em Londres que auxilia crianças com gagueira e suas famílias.

Crianças entre dois e quatro anos de idade podem passar por uma fase de gagueira natural, que é recorrente da aquisição da linguagem, mas os pais e professores devem estar atentos se o problema persistir por mais de seis meses. A disfluência costuma ser descoberta por volta dos três ou quatro anos de idade, porém pode haver picos de incidência entre os sete e 10 anos.

— A criança com gagueira apresenta diversos sintomas, como repetição de palavras ou sílabas mais de três vezes, uso exagerado de interjeições, prolongamento das sílabas e tempo acima do esperado para resgatar uma palavra ou acertar na fluência — explica a fonoaudióloga Sabrina Möller Martinho.

Segundo a especialista, expressões corporais também podem sinalizar gagueira, como por exemplo bater os pés ou piscar os olhos fortemente enquanto fala.

— A condição é involuntária, contínua e requer ajuda para que não se prolongue demasiadamente. Por isso é importante que os pais e professores falem com o pequeno sem pressa e com pausas frequentes, reduzam o número de perguntas, demonstrem interesse em seu discurso e utilizem expressões faciais e linguagem corporal para demonstrarem atenção à criança — recomenda.

É fundamental que as pessoas que fazem parte do cotidiano da criança tenham calma, não interfiram, corrijam, critiquem, digam que ele é gago, chamem a sua atenção e façam comparações desnecessárias. O problema central da gagueira consiste em uma dificuldade do cérebro para sinalizar o término de um som ou uma sílaba e passar automaticamente para o próximo. Dessa forma, a pessoa consegue iniciar a palavra, mas fica "presa" em algum som ou sílaba até que o cérebro consiga gerar o comando necessário para prosseguir com o restante da palavra.

Além das causas neurológicas, estudos científicos também indicam que a gagueira é causada por múltiplos fatores, entre eles o genético – em que pessoas da mesma família, de diferentes gerações, carregam o gene responsável pela gagueira, que pode ou não se manifestar, dependendo da interação social e psicológica a que a pessoa é exposta. A gagueira também pode ter como causa fatores orgânicos, como disfunções ou lesões cerebrais.

Mesmo estando presente no dia a dia da população, a gagueira é uma deficiência geralmente não levada a sério e associada à zombaria e ao preconceito. Por isso é importante informar à população que existem tratamentos para o problema, caso algum sintoma seja detectado, recomenda-se que os pais procurem um fonoaudiólogo para avaliação e diagnóstico.




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